quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Aquele da sensação boa


Parei no cruzamneto
Sensação boa
Não haviam mais carros
Chovia nas minhas costas nua
Perdi o terceiro sinal
Levou um tempo até eu atravessar para o outro lado da rua
Em tempos de esquecimento,
Qualquer paralisia me tira daqui, daquilo e disso outro
O que há de real na vida é o prazer,
Que se dá e se recebe, calmo e doce ao mesmo tempo
Sem inquietação
Pois, o prazer não conhece o ciúmes
Quando te ofereço o meu corpo
O que te importa quantos outros eu já tenha provocado?
O amor purifica e dá um novo encanto ao prazer
O amor é a coisa mais linda quando o tempo faz

R!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Aquela participação especial de ninguém menos que Rita Lee




Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinham da
vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei
apenas
uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais Virgem
e os
irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que
o
médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e
decretasse
se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais
respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos
Bailes
e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.

Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o
muro
alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada
pelos
cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O
laudo
médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram
a
pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo.
Realmente,
esqueceu, morrendo tuberculosa.

Estes episódios marcaram para sempre a minha consciência e me fizeram
perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o
corpo das
mulheres?

Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular,
moldar,
escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos
torturados
por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em
alegorias
para
entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas.

Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e
sensuais,
garantindo bom sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os
narizes,
desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda
do
momento e ficarem iirresistíveis diante dos homens. E, com isso,
Barbies de
fancaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as
gordas, as
de óculos - um sentimento de perda de auto-estima.

Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes
universitários
(56%) é composto de moças. Em que mulheres se afirmam na
magistratura,
na
pesquisa científica, na política, no jornalismo. E, no momento em que
as
pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso
feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie
mercantilista
e
mais próximo do humanismo.

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até
porque elas
são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder
fálico
da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas,
revólveres,
flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de
espadas
Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como
fazem com
os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.


As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo
na
menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares
ou
as
gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os
colocam
na marginalidade, na insegurança e na violência.

É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande
articuladora da paz.

E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher.

Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água
e
trouxas de roupa.

Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus
filhos ao longo dos anos.

Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas
costas.

São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem
ouvidas e
valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a
doçura
de seus corações.

Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.

Saudações

Rita Lee

Imagem: "The Creatrix" por Mark Ryden

PS: Juro que esse é o último de não autoria das balzacas, mas merecida participação especial de Rita Lee (unauthorized).

AVE BARBIE - Aquela sabe?



Desejamos enxergar a Barbie no espelho...fomos criadas para isso. Mas a Barbie não tem celulite, nem sabe o que é gordura localizada!

Morreu ontem a mãe da Barbie,
a boneca adolescente. À semelhança de
Atena, Barbie saiu armada dum
cérebro, não divino, mas industrioso,
com a longa cabeleira e a azúlea mirada.

Morreu a mãe da Barbie, a filha
que nunca será órfã, pequeno duende
de soutien 38 e de 33 polegadas
de altura. Trinta e três polegadas
multidesejantes de sonho
anatomicamente impossível.

Morreu a mãe da Barbie, que
faz ballet, ski, patins em linha e
todos os desportos radicais e tem
um namorado elegante, que jamais
a trairá e amigos tão anatomicamente
imperfeitos como ela.

Morreu a mãe da Barbie, que vai
a todas as festas com muitos
vestidos de gala e enegreceu
há uns anos, qual Naomi Campbell, para
ser consumida pela boa
consciência racial do Ocidente.

Morreu a mãe da Barbie, que jamais
a viu, assim anatomicamente imutável,
padecer de uma gravidez adolescente.
A Barbie é sabida e deve ter tido educação
sexual. Que fará ela, com o Ken
no regresso de tantas festas?

Nem paixão, nem desgosto, nem fome
ou uma boa tareia dos adultos, alteram
a sua fábula de plástico, muito menos
fabulosa que a Branca de Neve ou a
Bela Adormecida, onde existiam
humanas bruxas, vencidas maldições
e príncipes que davam beijos ao acordar.

Morreu a mãe da Barbie, cedo demais
para inventar uma Barbie de burka,
ou de explosivos escondidos no cinto. No
fim da vida continuava a vender milhões
de próteses mamárias, na sequência da sua
própria mastectomia. Coisas sem brilho,
impossíveis de acontecer
à Barbie.


Autora: Inês Lourenço

Imagem: "Saint Barbie" por Mark Ryden

PS: Sei que esse é um blog de textos autorais, mas esse aí em cima é bom demais e merece um espaço no Balzacas!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Aquele da nostalgia


Venho chegando a conclusão de que estou ficando velha. Sinal dos tempos!!!

Ando tão nostálgica, relembrando épocas passadas - e bota passadas nisso. O pior é que tudo parece que foi ontem e aí, quando paro para calcular, as lembranças as quais recorro com muitas saudades já têm para lá de dez anos, ou quase isso. Não que minha vida tem andado monotona, sem emoções, novidades e diversão, pelo contrário. Entretanto, a sensação de que falta alguma coisa daquelas épocas, que tão freqüentemente voltaram a habitar minha mente, é forte. O que está pouco a pouco se esgotando, creio eu, é aquela ânsia de adolescente, tempo onde ainda se sonhava muito e o futuro era recheado de possibilidades, tempo onde as preocupações mais sérias não passavam de meras bobagens comparadas à realidade de hoje.

O bom de tudo é que essas lembranças vêm acompanhadas de uma nostalgia gostosa, não daquelas sofregas e amargas, mas daquela em que a gente pensa assim, "ah se pudessemos voltar no tempo", ou "podia ter aproveitado um pouco mais". A verdade é que não queria voltar no tempo, tudo valeu a pena, até mesmo os erros, as besteiras, pois a gente aprende com os pequenos tropeços, e se fortalece, e amadurece. Não que eu não tenha aproveitado, pois aproveitei o tanto quanto pude...e como. Fica a sensação de que essa época do passado, que volta à lembrança, poderia ter durado um pouco mais. É essa saudade gostosa que fica!

Até as coisas ruins, quando vêm à tona no mesmo pacote de recordações, já nem são tão ruins assim. Acabo entendendo, que se precisei passar por aquilo, me fortaleceu e me ajudou a ser ainda mais quem sou hoje. A gente aprende com as burradas, não é mesmo! Quando surgem as lembranças das quais eu morro de vergonha de algumas das minhas atitudes no passado, chego a rir. Auto-vergonha é um sentimento muito engraçado, quem já não sentiu, né! Nesses momentos compreendo, que só o passar do tempo faz a gente ver as coisas de outra ótica. Aí faz até bem recordar e realizar essas análises de si mesmo.

Mas hoje os tempos são outros, continuo amadurecendo, crescendo como pessoa (porque de tamanho já não dá mais e para os lados ninguém quer crescer - rsrsrs) e levando a vida adiante. Porém agora já não carrego o mundo em minhas mão - na verdade nunca carreguei, mas durante um tempo a gente acha que carrega. Os sonhos não acabaram, mas os pés já se fincaram mais ao chão. As possibilidades não se esgotaram, mas agora o caminho já está traçado, em conseqüência, as possibilidades foram diminuindo.

Sabe qual é a ironia em tudo isso? Daqui a uns dez anos ou mais, ou talvez até menos, estarei lembrando dos dias de hoje com a mesma sensação, a mesma nostalgia. Afinal, nada melhor do que lembranças, sejam boas ou ruins, para levantar a cabeça com orgulho e seguir adiante.

Aquele das justificativas

É que eu tava bêbada ...
É que eu queria curtir minha bipolaridade ...
É que eu não ouvi você falando disso ...
É que eu não tenho dinheiro ...
É que eu tô com a cabeça a mil ...
É que eu ando muito cansada ...
É que eu vou começar na segunda-feira ...
É que eu sou muito nova ...
É que eu sou muito velha ...
É que eu não estou no mesmo momento que o seu ...
É que eu não entendi ...
É que eu não li a placa ...
É que eu não sabia que tava carregada ...
É que eu tava com pressa ...
É que eu tava com fome ...
É que eu tava com vergonha ...
É que eu tava nervosa ...
É que ele ficou de me ligar ...
É que eu não tenho roupa ...
É que eu não tenho tempo ...
É que eu tô com depressão ...
É que eu sonho demais ...
É que eu te amo ...

É que eu quero e preciso mudar hoje.
R!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Aquele dos encontros com Ele

Se houvesse uma maneira de me perpetuar gostaria que fosse através da música ...
Ele se apresentou pra mim com notas perfeitas e eu que não acreditava em perfeição! E veio a partir da união de cordas, madeiras, metais e percussão ...
Uma outra vez Ele veio no balanço das folhas, o vento tava ali ... na minha frente, mesmo sem ver sua forma eu podia sentir sua presença, arrepiando o meu corpo.
Teve aquela vez, que Ele veio disfarçado de sossêgo e apesar de me virar de um lado para o outro da cama, me fez dormir em paz.
Geralmente Ele participa das minhas escolhas, quando é não ou sim!
E eu me divirto quando Ele vem pela voz, jeito, pensamento de outro ou outra pessoa ... e me faz sorrir e entender, mesmo sem precisar fazer sentido ou ter explicação, que a felicidade está nas coisas mais simples ... e não é que tá mesmo ...
R!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Aquele dos tempos

Naqueles tempos em que enamorados trocavam juras de amor através de cartas, sempre um dos dois sofria enquanto a resposta do outro não vinha, pois entre o tempo em que se escrevia, enviava e recebia , o sol nascia e a lua vinha ... seriam os amores mais fortes, mais verdadeiros, com a ajuda que o tempo lhes dava? O amor tinha uma resistência maior? Casavam-se mais cedo, era tanto desejo, tanta vontade de enfim saborear o desconhecido conhecido, era tanta intimidade construída através de tinta e papel, mas nenhuma através de pele e pêlo ... que os casais deviam gozar só de se olhar ...
Hoje tátudotãoaceleradodemaisquenãodátempopradigerir... se tiver disposição, você pode fuder cada dia com uma pessoa diferente. E no meio dessa facilidade toda, vivemos em tempos que a maior causa mortis será a depressão. Ter muitos é não ter nenhum e ter nenhum é não ter nenhum mesmo, porque a verdade é que somos sozinhos, nascemos e morreremos assim.
Vou mudar de palavras pra tentar fazer sentido e causar sensações.
R! tem sido bastante cortejada, seu trabalho é facilitador para que essas coisas aconteçam.
Mas, entra em parafuso, tentando organizar e dosar esses sentimentos que elevam sua auto estima. E R! sabia o quanto estava bloqueada, ela queria mudar de operadora, queria se permitir, queria experimentar, queria se molhar por outro alguém, queria suspirar ...
E ontem como uma adolescente que fica se agarrando e aos beijos na frente do muro da escola, R! violou suas regras de bom comportamento ditadas por ela mesma, foi dormir feliz e acordou na sua própria cama.

Aquelas que adoram um papo de sacanagem

Adoro “Zeca Feiras”. Pra mim não tem essa de futebol, sou menina mesmo e tenho um time pra torcer porque tenho e só! Zeca Feira pra mim é dia de beber chope com as amigas, falar bobagem, fumar um cigarrinho e desestressar... Algumas chamam isso de Sex and the City carioca. Outras não chamam de nada e comparecem pra trocar idéia. E ainda há aquelas que estão sempre presentes, seja Zeca, Juca ou Cicrana feira!

E pra não sair da rotina, mulheres + chopes = falar sobre SEXO! Sinto repetir o assunto do post abaixo... Mas o que dá ibope mesmo é sacanagem (risos). Hoje debatemos formatos, posições e satisfações, se é que me entendem... Ta bom, é feio mulher falar falar, mas pica, pirú, pau, pênis, piu-piu, lulu é tudo a mesma coisa. Variando apenas na largura, textura e comprimento...

Nos quesito posições e formatos, cada uma gosta de um jeito... Não tivemos vencedor. A descrição de cada fica em off porque tenho vergonha de citar aqui nossos detalhes. Ah, também não podemos dar tanta colher de chá assim pro sexo oposto, né? Apresentando a receita completa do bolo. Afinal também temos leitores masculinos.

Satisfações... Hummmm, essa inclui uma série de fatores. Grau alcoólico, desempenho do parceiro, frustrações antigas, culpas (aí entramos na parte psicológica com encanações que cada uma tem ou não), posições, mãosinha, dedinho, lingüinha... Ai que delícia, hahaha!

Por fim a conta chegou, a hora bateu, o ônibus passou, o sono veio... E cá estamos nós, felizes de termos uma a outra! Porque mas vale uma amizade no coração que um pinto piando!!!!!