quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Aquele de não conseguir dormir mais direito

Quando passa a excitação inicial, muitas vezes é rápido e evidente que o amor acaba, afinal de contas, afeto é hábito ... ou ela se esquecia ou se acostumava com essa ausência. E decidiu que não sabia decidir. E pronto! Desde então, não dormia mais direito ...
Tentava encontrar nele uma ponta de raiva e pontuava os seus defeitos, aqueles que em algum momento tornaram-se a razão de não estarem mais juntos. E tentava revivê-los, para pôr fim ao seu sofrimento, mas ao invés disso, as lembranças boas vinham frescas e macias e as esquentava por inteiro, como talvez não foram sentidas no momento real que aconteceram.
Virava de um lado para o outro da cama, ligava e desligava o ventilador, ligava e desligava a televisão, abria e fechava a janela, abria e fechava o livro, acendia e apagava a luz, acendia e apagava o cigarro, tirava e não tirava o edredon do corpo, tirava e não tirava ele dos seus pensamentos ...
O fato é que ela estava presa dentro de si mesma.
E bastava um ligeiro contato com ele, para que essa tormenta se intensificasse.
Ele sem pedir licença, aparecia em seus sonhos.
Ele entrava nos seus pensamentos no meio de uma aula.
Ele fazia-se lembrar dentro de uma música.
Ele se apresentava com o mesmo nome, mas em outro corpo.
Ele espalhava o seu cheiro pela rua.
Ele aparecia em um milésimo de segundo dentro dos olhos, enquanto ela piscava.

Preciso agora mesmo párar de conversar com o seu vulto.
Saudade vá embora e não me sufoque mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Profundo isso e em poucas palavras ...